sábado, 24 de maio de 2008

Minha doce e linda mãe

Há uns três meses atrás, mamãe Sonia disse:
"Filha, vc é tão bonita... podia ser recepcionista."


Antes ela dizia que eu tinha que ser modelo...
xxxxx

Semanas atrás, num sábado, do trabalho, ela me ligou cedo:


"Filha, fala rápido o que vc quer falar comigo. Estou ocupadíssima"


"Mãe, foi a senhora que me ligou!"
xxxxx

Depois me ligou de novo e disse:


"Liga urgente pro Alcir [padrinho do meu irmão] e veja o que ele quer falar comigo. O telefone de casa tocou duas vezes, mas caiu a ligação. Acho que era ele."



Liguei, mas o telefone dele não estava funcionando, então ela mandou essa:


"Liga pro celular dele então, ué. Liga agora"


"Mas, mãe, não tenho como ligar pra celular agora"


"Ah! Está bom Fabiana. Vc não pode nada. Eu é que tenho que ligar interurbano pra celular?!"



Ora, meu irmão estava no Rio e tem conta de celular de 250 minutos , porque ela não pediu pra ele, bolas? Afinal, o padrinho é dele!


xxxxxx

Há cinco dias, minha mãe me liga e fala:


"Filha, desculpa por não manter contato contigo, ando sem tempo... Eu queria saber com vc, quanto tempo vc vai deixar os seus móveis no depósito do Jarrão [o cara do frete]? Eu disse que seria por mais ou menos três meses...



Aí eu disse:

"Mãe, eu não falei, na semana passada, que eu iria morar com o Antônio?"



Resposta dela:

"Ué, pensei que vc só dormiria lá e que os móveis iriam depois..."



xxxxxx

Bem, essa é a minha doce mãe!

Do NYTimes


Essa foto foi tirada em NY e estava numa coluna de humor do site do NYTimes.
(Traduzindo: 1ª placa= Pare aqui no sinal vermelho; 2ª placa= Não pare nunca aqui; 3ª placa= Área Vermelha - Sequer sonhe em estacionar aqui).

Pois é, nós, brasileiros, estamos exportando nossas bandalheiras para o primeiro mundo...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Sou esquisita mesmo

Meus amigos, meus parentes, meus vizinhos, meus colegas, todos já devem ter sentido que sou uma garota estranha...

Sim, porque apesar do meu discurso coerente, racional, do meu jeito de conselheira, de ouvinte e de minha aparente calma e temperança, todos já devem ter percebido que algo não bate bem em mim.

Por quê?
Ora, porque sou uma cdf que odeia ser cdf e que rebola um funk até o chão (apesar de não gostar muito de funk). Porque não namoro como toda pessoa normal faz, porque tenho uma família de três malucos (e faço questão de falar muito sobre isso!), porque rôo unhas demais, porque não como na rua, porque gosto de fichar livros, porque cochilo em qualquer lugar, porque tomo porres sozinha, porque posso aparecer desleixada por uns tempos e depois aparecer como a miss brasil, porque confundo e esqueço demais as coisas, porque sou bastaaaante econômica, porque sou extremamente volúvel, porque aparento ser normal e porque todo mundo me acha uma santa (quando deixam de achar é porque já estão com raiva de mim).

A minha mãe já me levou "na marra" pro terapeuta, porque não conseguia me entender. Meu irmão já disse que sou a garota mais estranha que ele já conheceu. Minha última psicóloga disse que eu não deveria frequentar psicólogos. Meu ex- namorado disse que eu sou perversa e boba ao mesmo tempo. Meu pai acha que vou ficar pra titia e que vou morrer maluca (mas ele também acha que sou a mina de ouro da família), algumas pessoas não me acham tão recatada assim (abafa o caso!).

Sou esquisita à beça, no entanto gosto de mim assim. Eu parei de me levar a sério. Os outros é que continuam a me tratar com seriedade. Vou fazer o que, né?

Eu poderia dizer os mais de cem motivos para me considerarem maluca. Só que isso, vou demonstrando aos poucos, pra não assustar ninguém.

Então, foi dado o recado. Se vc ler alguma coisa doida nos meus blogs, já sabe que sou esquisita mesmo.

Baiano Burro, Nasce Morto

Quando meu pai colocou Tv a cabo em casa com um fio comum de antena, quando ele fez o carro andar semcombustível, entre tantas outras artimanhas realizadas com sucesso, ele usou essa frase.

Esse ditado é dito toda vez que meu pai - baiano - acerta, conserta, resolve ou resgata alguma coisa.

E esse ditado é uma verdade por dois motivos: porque a Bahia concentra os grandes gênios revolucionários da cultura brasileira e porque todo baiano é "modesto".

Eu não conheço nenhum baiano que se auto-deprecie. Todos se acham os melhores da espécie.

Bem, é só ver que Ivete Sangalo, Caetano, Gil, Glauber Rocha, Bethânia, Tom Zé, Raul Seixas, Rui Barbosa, Lázaro Ramos, Carlinhos Brown, Jorge Amado, todos são revolucionários dentro de suas áreas - Ivete massificou o axé, Rui Barbosa diplomatizou o País, e nem preciso citar os outros.

Até Carla Perez revolucionou, pois ao seduzir criancinhas e velhinhos a dançarem na boquinha da garrafa, ele fez melhor do que a Gretchen: não precisou abrir a boca pra cantar e fez sucesso só rebolando!

Toda vez que consigo resolver um problema sozinha, solto o jargão, pois também sou (70%) baiana e, assim, celebro o jeito baiano de ser. O baiano é aquele que não se estressa com o horário, mas que se estoura por qualquer coisa e cai na porrada. O baiano é aquele que, como diz Tom Zé, explica pra confundir e confunde pra explicar. Baiano é aquele que mistura paradoxos, acrescenta polêmica e sensacionalismo e faz ficar tudo normal.

Esse blog é dedicado a todos que têm o espírito baiano, que falam besteira pra tratar de coisa séria e que levam a sério as questões banais.

Sem eles, o cinema não seria o mesmo (2)

De tão indispensáveis, eles ficam sexies na telona:

Christopher Walken



Vince Vaughn e Terrence Howard




Matt Damon e Harvey Keitel



Willem Dafoe e Ryan Phillippe




Geoffrey Rush e Vincent Perez

Sem eles, o cinema não seria o mesmo (1)

De tão sexies, eles são indispensáveis na telona:

Gaspard Ulliel


Tyson Beckford

Terry Crews












Jim Caviezel










Hugh Jackman















Will Smith Sean Patrick Thomas



















Taye Diggs


















Tyrese Gibson















Gerard Butler












Javier Bardem

Samba


Não sei o que deu na Globo pra emissora homenagear tanto a música de preto. Nunca vi o Monarco e o Arlindo Cruz aparecerem tantas vezes na tv, e olha que eu quase não assisto a nada... Mas também, pudera, acho que os globais só conhecem eles dois de sambistas (já que a imagem do Martinho, do Zeca e do Dudu Nobre estão meio "gastas").


Aproveitando que está na moda, vou falar de um grupo que mora no meu coração, desde os tempos de Pilares, subúrbio do Rio, em que rolava partido alto todo fim de semana, regado a carne e cerva. Cresci ouvindo Fundo-de-Quintal nas festas em meu quintal. Os ‘queridinhos do samba’ são os galanteadores mais sensíveis e os desiludidos mais ferozes na hora de compor. Seguem três músicas, de temáticas diferentes, que valem a pena serem baixadas, tocadas e cantadas junto com Arlindo, Sombrinha e sua trupe. Os caras são supimpas.

A melhor de todas é “Parabéns pra você”, onipresente nas rodas de norte a sul.


Amar é Bom

Você zombou de mim

Me tratou com desdém e também fez meu pranto rolar

Me feriu por querer por prazer tentou me destruir

Me iludiu magoou tanto mal fez ao meu coração

Mas deixe estar

O castigo que vinha a galope chegou de avião

Hoje vive sofrendo dizendo que é infeliz

Reconhece enfim sua ingratidão

[Repete Estrofe]

A vida é mesmo assim

Quem ri também pode chorar

Jamais se decreta o fim

Se um grande amor perdurar

Enquanto esperança existir

Lembranças saudades no olhar

Vou perdoar

Amar é bom

Me faz renascer

Gostoso é poder desfrutar desse imenso prazer

A.a.mar é bom

Me faz renascer



Parabéns Pra Você

Se o tempo passou e não fui feliz

Sei lá das razões foi

Deus que não quis

Você me propôs e não foi capaz

Fez pouco de mim até nunca mais

A dor que passou deixou cicatriz

Pois aquele amor já tinha raiz

Profunda no coração

Foi tão ruim amar em vão

Agora me deixe ir

Adeus eu vou fugir da ilusão

Parabéns pra você por tentar me enganar

Me ferir por prazer num capricho vulgar

Me querer por querer

Pra depois se negar à decisão

Abusar sem pensar foi demais pro meu coração

O azar é seu

Se daqui pra frente esta saudade

Em sua vida for metade

Por favor não vêm me procurar



Se Chama Mulher

[Pode ser uma dama

Pode ser da ralé

Mas se o peito tem chama

Se chama mulher, mulher

Pode ser uma dama

Pode até ser da ralé

Mas se o peito tem chama

Se chama mulher]

Eva nasceu da costela de Adão

E inventou a tal da tentação

Morda a maçã e verá o que é paraíso

Hoje a mulher é quem dá a decisão

Sabe o sim, o talvez e o não

Sabe dar lucro e também sabe dar prejuízo

[Refrão]

É só lembrar de Dalila e Sansão

É só lembrar Salomé e João

O homem perde o cabelo

A cabeça e o juízo

Hoje a mulher é quem dá decisão

Hoje a fêmea domina o machão

Com seu olhar, seu andar

E seu lindo sorriso

[Refrão]

Quando a Maria é bonita então

Acende a luz e qualquer lampião

Vira poeta

Esquece o seu lado bandido

Atrás de um homem que tem projeção

Na retaguarda de um campeão

Só a mulher faz o homem

Ser bem sucedido

[Refrão]

Decadência americana


Eu queria ter visto a cara do 50 Cent, quando foi anunciado que Kanye West ganhou 5 Grammys. O rapper dos 50 centavos disse que pararia de fazer música se o álbum do Kanye (lançado no mesmo dia do 50 Cent) vendesse mais cópias do que o dele. Isso porque 50 Cent considerou o álbum do rival uma bosta, pois ele alega que aquilo não é rap, mas um pop aguado. Não é por nada não, mas eu tô com o Kanye. O hit dele, "Stronger", é sinistro, pois usa sample do "Around the Word" do Daft Punk (antiga banda francesa de musica eletrônica).

O cara, além de reinventar o rap, com batidas de outros estilos, ainda tá resgatando o conceito de rap lançado pelo Public Enemy, entre outros, que já caiu no esquecimento.

Bem, reza a lenda que quem compôs a letra de “All falls down” (algo parecido com “Decadência”), cantada por Kanye West, em seu álbum de estréia, foi Whithney Houston, logo depois de ter se afundado nas drogas, ido pra cadeia e ter sido punida pela justiça. Bem, pra mim isso faz muito sentido... Quando escutei pela 1ª vez a música, fiquei vidrada na melodia. Depois que descobri a letra, esse passou a ser o R&B mais phoda que escutei, em razão dela ser bem atual. Só pra provar o que tô dizendo, segue a letra (original e tradução mal-feita-por-mim). É muito show!

All Falls Down - Kanye West




Oh when it all, it all falls down

I'm telling you ohh, it all falls down

Man I promise, she's so self conscious

She has no idea what she's doing in college

That major that she majored in don't make no money

But she won't drop out, her parents will look at her funny

Now, tell me that ain't insecurrre

The concept of school seems so securrre

Sophmore three yearrrs aint picked a careerrr

She like f*** it, I'll just stay down herre and do hair

Cause that's enough money to buy her a few pairs of new Airs

Cause her baby daddy don't really care

She's so precious with the peer pressure

Couldn't afford a car so she named her daughter Alexus (a Lexus)




She had hair so long that it looked like weave

Then she cut it all off now she look like Eve

And she be dealing with some issues that you can't believe

Single black female addicted to retail and well


Man I promise, I'm so self conscious

That's why you always see me with at least one of my watches

Rollies and Pasha's done drove me crazy

I can't even pronounce nothing, pass that versace!

Then I spent 400 bucks on this

Just to be like n**** you ain't up on this!

And I can't even go to the grocery store

Without some ones that's clean and a shirt with a team

It seems we living the american dream

But the people highest up got the lowest self esteem

The prettiest people do the ugliest things

For the road to riches and diamond rings

We shine because they hate us, floss cause they degrade us

We trying to buy back our 40 acres

And for that paper, look how low we a'stoop

Even if you in a Benz, you still a nigga in a coop/coupe

I say f*** the police, thats how I treat em

We buy our way out of jail, but we can't buy freedom

We'a buy a lot of clothes when we don't really need em

Things we buy to cover up what's inside

Cause they made us hate ourself and love they wealth

That's why shortys hollering "where the ballas' at?"

Drug dealer buy Jordans, crackhead buy crack

And a white man get paid off of all a dat

But I ain't even gon act holier than thou

Cause f*** it, I went to Jacob with 25 thou

Before I had a house and I'd do it again

Cause I wanna be on 106 and Park pushing a Benz

I wanna act ballerific like it's all terrific

I got a couple past due bills, I won't get specific

I got a problem with spending before I get it

We all self conscious I'm just the first to admit it

Tradução




Oh e quando tudo, tudo isso acabar

Eu to te dizendo, isso tudo acaba

Cara eu juro, ela é tão sem-noção

Ela não tem a mínima idéia do que ela tá fazendo na faculdade

O curso que ela escolheu não dá dinheiro

Mas ela não pode largar, porque seus pais não vão gostar

Agora me diz se isso não é estranho

O conceito de faculdade que temos é tão perfeito

Já cursou dois, três anos e ainda não sabe o que fazer com o diploma

Ela pensou tipo: foda-se tudo, vou ser cabeleireira

Pois isso dá dinheiro pra ela pelo menos comprar um parezinhos de sapato

Porque o pai do filho dela não dá a mínima

Ela se segura como pode

Como não pôde comprar o carro sonhado, colocou o nome da filha de Alexus (um Lexus)


Ela tinha o cabelo tão grande que parecia aplique

Até que ela cortou tão curto que agora parece a Eve (cantora)

E se meteu nuns lances que você nem acredita

Negra solteira superviciada em compras


Cara eu juro, eu sou tão sem-noção

É por isso que você me vê sempre com um dos meus relógios caros

.... me deixam doido

Eu nem sei pronunciar o nome de nada, Passa logo esse Versace!

Então eu gastei 400 paus nisso

Só pra ficar fodão e você nem me notou.

Não tem uma vez que eu vá ao mercado que não veja

Alguém com a camisa novinha do ídolo do seu time

Parece que vivemos o sonho americano

Mas justamente os poderosos são os que têm a auto-estima mais baixa.

As pessoas mais belas são as que fazem as coisas mais feias.


Temos queda pelo mundo dos ricos e pelos anéis de diamantes porque eles são melhores que nós, eles cintilam porque nos põem lá embaixo.


Nós tentamos recuperar nossos 40 acres

E, por aquela escritura, veja o quanto nos rebaixamos

Mesmo num Mercedez, você ainda é um negro.

Eu digo foda-se a polícia, é como eu os trato


Compramos nossos hábeas corpus, mas não compramos liberdade

Compramos um monte de roupa quando nem precisamos

Roupas pra esconder o que há dentro, porque elas fazem odiarmos nosso corpo e amarmos o dos poderosos

Não é à toa que as gostosas só andam com os magnatas

O traficante enriquece, o viciado compra mais craque

E é o branco que se sai bem dessa


Mas não sou melhor do que ninguém

Porque nem ligo de ter arranjado 25 mil no agiota


E faria de novo só pra morar bem e dirigir um carrão

Quero vida fácil e rir à toa

Tô cheio de dívidas, não vou falar delas

Eu tenho problema de ser gastador

Somos todos sem-noção mas sou o primeiro a admitir isso

Do país da piada pronta

O Brasil tem histórias bizarras como qualquer outro país, mas aqui as bizarrices, de tão infelizes, chegam a ser engraçadas. E ao longo desses últimos anos, tenho visto cada história bizarra... Três delas me chamaram bastante atenção:


- 1º caso: um morador do Humaitá, no Rio, comprou num supermercado da zona sul uma verdura cheia de caramujos. Em vez de fazer queixa ao supermercado, ele procurou a Vigilância Sanitária Estadual do RJ, a fim de que outros supermercados que receberam verduras do mesmo fornecedor pudessem ser alertados do problema por um órgão oficial. A instituição informou que, como o fornecedor das verduras fica em Petrópolis, o cidadão deveria procurar a Vigilância desta cidade para que se pudesse tomar alguma providência.

- 2º caso: Estava eu na Policlínica Piquet Carneiro (da UERJ) sentada, aguardando atendimento, quando ouvi o relato de um pobre senhor para mim. Ele contava que precisava operar o joelho, mas que corria o risco de perder a perna. Adivinha por quê?

O primeiro ortopedista que o atendeu diagnosticou o problema e pediu aqueles exames de praxe para fazer a cirurgia. Pediu tomografia, hemograma , etc., só que o hospital em que esse senhor estava não fazia todos os exames (por falta de instrumento, de pessoal...). O jeito foi fazer exame em outro local. Detalhe: em cada hospital, clínica ou posto de saúde que ia (já foram mais de cinco), ele precisava passar pelo clínico geral, passar pela triagem, se consultar novamente com um ortopedista para que pedisse novos exames. Porém, em nenhum hospital esse senhor conseguiu fazer todos os exames. Como o tempo de marcar clínico-ortopedista-exames leva meses, os exames que ele fizera anteriormente caducavam e o jeito era ele coletar amostras sempre e sempre. Nessa brincadeira, já se passaram dois anos e ele ainda não fez a cirurgia. Mais um ano e ele pode perder a perna.

Sabe o que é pior? Ouvi comentários do tipo: “Ah! Comigo não acontece isso, faço amizades com o pessoal do hospital e eles arrumam rapidinho esses exames”.

Pra não perder a piada, o brasileiro inventou o jeitinho...

- 3º caso: Fiscais do IBAMA fizeram apreensão de mercadorias e artesanatos elaborados com partes de animais (unhas, peles, penas, dentes, chifres), cuja procedência não fosse comprovada. O fiscal foi bem claro:
—Só apreendemos produtos que não possuem comprovantes que indicam a procedência da matéria-prima usada, porque só é permitida a confecção de mercadorias a partir de peças extraídas de animais em cativeiro.

Ah! Bom... assim é muito melhor.

Trilha Sonora

Quando estou triste, com raiva, doente ou cansada, esta é a minha trilha sonora:


"Hoje eu quero sair sóóó/ Não demora eu tô de volta/ Tchau! Vai ver se eu tô lá na esquina/ Devo estaaar/ Tchau! Já deu minha hora e eu não posso ficaaar/ Tchau! A lua me chama e eu tenho que ir pra ruuuaaa..."

"Me deixaaaa/ Que hoje eu tô de bobeira/ Bobeiraaa!"

"I wanna be forgotten/ And I don't wanna be reminded..."

(Eu quero ser esquecido/ E não quero ser lembrado)

"Emmenez-moi au bout de la terre/ Emmenez-moi au pays des merveilles/ Il me semble que la misère/ Serait moins pénible au soleil"

(Me deixe no fim do mundo/ Me deixe no país das maravilhas/ Isso me lembra que a infelicidade/ Seria menos penosa ao sol)


(Músicas: Hoje eu quero sair só - Lenine/ Me Deixa - O Rappa/ What ever happened - The Strokes/ Emménez-moi - Charles Aznavour)

sábado, 16 de fevereiro de 2008

És um Xuxú!


Ninguém gosta de chuchu. Ou, pelo menos, pouca gente gosta. Por muitos, é considerado um legume sem-graça.

Coitado, esse é um vegetal insosso, degenerado, meio “maria-vai-com-as-outras”, vai pegando o gosto de tudo e assumindo uma personalidade que não é sua. Veja o caso do Caruru, prato típico baiano (na Bahia, chamam o camarão de caruru) feito de camarão e chuchu. Ele vai pegando o gosto do camarão e tchum! nem o seu verde aparece; ele vai pegando a cor do molho de tomate e do camarão e fica marrom.

E na salada? O chuchu só serve pra tapar buraco e aumentar volume. Ele é ofuscado pela batata, pela cenoura ou pelo alface. Nunca ouvi ninguém dizer: “Uhm, esse chuchu tá com uma cara boa... vou botar um pouco no meu prato!”

Mas façamos jus ao chuchu! Ele é um cara solidário, bondoso, ta sempre ali pra dar base aos outros, pra ir ao encontro da galera, pra compartilhar dos mesmos valores, sejam saporíficos, sejam aromáticos, sejam coloríficos. O que seria da salada ou do caruru se não fosse o chuchu?

Então, da próxima vez que você separar com o garfo o chuchu e pô-lo no canto do prato, pense que você pode estar desprezando um cara solidário, companheiro, e não mais um bobinho.

Tique cinematográfico ...


...francês: falar sobre a família

... alemão: falar de barreiras e obstáculos a vencer

... chinês: falar da tensão entre tradições e o novo

... inglês: fazer humor negro sobre tudo

... norte-americano branco: falar de super-heróis mutantes, mutantes, terroristas e ETs tentando destruir o mundo e invadir a América.

...norte-americano negro: assalto a bancos, policiais, bundas, drogas, emprego e carrões.

... brasileiro: falar de problemas sociais, guerra entre de ricos e pobres e tráfico de drogas.

... chileno: falar de acidentes e incidentes.

Alguém liga pra ecologia? (1) - A chuva no Rio

A quantidade de chuva continua a mesma, mas alguém já reparou que o Rio está cada vez mais cinzento?

Pra perceber esse efeito, só fazendo como eu: vá para o Litoral Norte do estado do Rio, fique por lá, entre uma semana e quinze dias, e volte pro Rio. Na volta, atente para isso: quando você chegar em Itaboraí, sentirá a diferença atmosférica (o céu começa a se acinzentar). Quando chegar em São Gonçalo, começa a sentir o clima abafado, quente; e quando chegar próximo à Ponte Rio-Niterói, você sentira o ar menos respirável, poluído...

O Rio não era assim, foi ficando. Só percebi isso porque em Rio das Ostras o Sol queima de verdade a pele e o céu abre às seis horas da manhã. Quando chove, a chuva arma na hora, desaba e pronto. No Rio atual não. O céu sempre amanhece nebuloso e acinzentado, inclusive no verão (que é menos seco), mesmo quando não chove. E sequer raios existem mais.

As Letras e seu herói - Dar a Otávio o que era de César


Todo mundo só exalta Júlio César, amor de Cleópatra, belo, inteligente...uhum...

Façamos justiça ao imperador Otávio Augusto, que pra mim foi o mais competente (se é que posso falar assim de tiranos). Ele entrou no segundo triunvirato (república formada por 3 governantes), em que derrubou Marco Antônio e Lépido, deixando os dois se matarem sozinhos. Otávio ficou só no poder, conseguiu trazer pra si o apoio dos magistrados (formado por censores, edis, questores e ditadores) e do senado (a aristocracia), acabou com a banca de Cleópatra e ainda se auto-intitulou:

Imperador (que significa ‘General Vitorioso’), Princeps (significa ‘primeiro cidadão, pois dirigia o senado), Pontífice Máximo (‘chefe religioso’) e Augusto (‘sagrado’).

O cara era mais P.I.M.P. que o Snoopy Dogg.

Achou pouco? Tem mais: ele coroou-se prefeito de um pretório (um milícia), ou seja, tinha um exército só pra ele; e também escolheu Roma como morada oficial do governo porque lá tinha o maior n° de escravos e de massa descontente (ele queria estar por perto pra ‘meter o cacete’ em quem se revoltasse contra ele).

E se não bastasse, foi ainda ele quem rebaixou o senado a um poder secundário (situação presente ainda hoje em nossas vidas). Ele fazia questão de controlar pessoalmente o cofre estatal (vai que alguém fizesse um caixa-dois básico ou perdoasse dívida de impostos de algum devedor do governo por meio de suborno? Ele estava lá para impedir e sugar tudo o que tinha de direito).

Foi o único governo romano inabalável economicamente. Também... com 6 impostos diferentes e acumulativos pra cobrar! — um cobrado a todos os maiores de 18 anos, um sobre o uso do solo, um sobre o uso de minas em solo romano, um pra quem era dono de terra ou de porto, um sobre as heranças e mais um sobre as vendas. — E a gente ainda reclama da nossa carga tributária...

Calma, não cansa de ler não! Ele ainda foi o cara que dividiu a sociedade romana em três classes sociais: a classe senatorial (formada por quem tinha mais de 1 milhão de sestércios – uma quantidade de moedas – e ocupava os melhores cargos públicos), a classe eqüestre (ocupada pelos ‘novos ricos’, a plebe que subiu na vida, geralmente por bons serviços prestados no exército ou durante a mudança de república pra império), e a classe inferior (a gentalha, por assim dizer). Foi justamente por causa dessa divisão que ele fez geral ficar revoltado, levar os ricos a cortejarem os pobres e, com isso, derrubar o seu império.

Mas Otávio não foi só coisa ruim. A propósito do outro tópico escrito aqui, “A litentitária Identitura”, venho falar dele como ‘criador’ do termo mecenas.

Otávio queria imortalizar seu governo na história da humanidade – puf! óbvio – e, pra isso, ele escolheria estátuas de mármore? Não! Um brasão colorido? Não! Uma pirâmide enooorme? Nãã!... Que isso, foi coisa muito melhor! Ô! Foram as Letras – claro – como o instrumento perpetuador.

Com a ajuda de um de seus conselheiros, o tal Mecenas, ele começou a patrocinar artistas e, sobretudo, grandes escritores que pudessem eternizar a cultura da época (falar da grandiosa arquitetura e da religião romana). E assim mecenas estendeu seu significado e passou a designar quem, na Idade Média, através da Igreja Católica, gastava sua fortuna adorando as artes e valorizando o sagrado.

Graças à humildade de Otávio em aceitar o conselho de seu braço-direito, é que foi possível existir Michelangelos (que sem a ajuda financeira da Igreja não teriam como fazer suas obras maravilhosas) e tantos manuscritos (como as iluminuras) importantíssimos para a humanidade.

Coincidência ou não, a Igreja, que controlava os textos históricos, aceitou colocar na biografia de Otávio o fato de que seu governo foi intitulado “Pax Romana” (paz romana), ou o “Século de Augusto”. E também o fato de ele ter obtido a Apoteose (o mesmo lugar que os deuses romanos ocupavam) quando morreu.

As Letras e seu herói - A litentitária Identitura



A História nos mostra que toda grande nação ocidental– ou pelo menos todas aquelas que aspiram a grandeza ocidental – precisa ser consagradas por meio de três elementos autênticos: uma língua própria, grandes monumentos e um herói nacional. Os três marcam a identidade de um povo, fazem a publicidade de uma nação e tornam os ideais desta reconhecíveis internacionalmente.

A Itália tem Garibaldi como herói, a língua italiana, e o Coliseu e a Torre de Pisa como monumentos. Os EUA priorizaram a língua de seus ancestrais ingleses, mas a deixaram mais despojada; ergueram a Casa Branca, o Pentágono e a Estátua da Liberdade e elegeram as figuras do caubói e do combatente como heróis. A França tem seu francês impecável, a torre Eiffel, o Arco do Triunfo e a avenida Champs-Élysées, e Joana D’arc como a grande heroína.

Ta, mas pur cá di quê to dizendo isso? Para falar da extrema intimidade entre a literatura brasileira e a formação de nossa identidade, visto que, no Brasil, tinha de ser diferente. É certo que nossa nação sagrou-se com uma língua, com um grande herói e com um grande monumento também, contudo os três elementos foram legitimados por meio da Literatura.

A nossa língua foi imposta a partir dos trabalhos dos jesuítas e depois com os intelectuais que iam estudar na Europa e, assim como nos EUA, pouco restou de traços das línguas indígenas e das línguas africanas na fala de um povo, aqui minoritariamente branco. O nosso grande herói foi o índio romântico, forte, corajoso, sábio como o homem branco e selvagem, conforme nos foi apresentado em O Guarani. E, o nosso grande monumento é a natureza, imponente, grandiosa, tropical, exuberante, assustadora, fértil e rica, comentada logo na carta de Pero Vaz de Caminha e que permeia nossa música, sendo essencial no sustento de nossa mais nova maravilha do mundo moderno: o Cristo Redentor, que se não fosse erguido no alto do morro do Corcovado, não teria a mesma imponência.

Aliás, apenas a partir do fim do sécullo XIX e início do século XX, foi que ganhamos um monumento artificial, humanamente construído, baseado na arquitetura – primeiro com a urbanização das grandes cidades, depois com a projeção de Brasília.

Mas aí já era tarde: as palmeiras (que nem brasileiras são), os coqueiros-que-dão-coco-e-matam-a-sede, a onça, o mico, tudo caiu no gosto tupiniquim e marcou nossa identidade pra sempre.

Pena que as nossas matas estão sendo destruídas na mesma proporção da industrialização e da massificação de nossa sociedade. E da mesma forma que a imagem vai desvalorizando as palavras.

Ironicamente, estamos perdendo nossa identidade

Ninguém liga pra ecologia? (3) - As fontes de prazer

As maiores fontes de prazer humano ainda são bem simples... mas não por muito tempo!

Quais são elas? Matar sede, fazer o nº 2, dormir, matar fome, fazer o nº1, fazer compras e ter orgasmo. A maioria é acessível à grande parte da humanidade, visto que o orgasmo não é sentido por quem fez voto de castidade...

... Bem! Enfim...digo que eles podem deixar de serem acessíveis, se não começarmos a preservar a natureza.

Diante do aquecimento global, da correria e da paranóia cada vez maior nas megalópoles, e das possíveis guerras mundiais, cheguei a esta conclusão:

Com a redução progressiva de fontes de água, será cada vez mais difícil matar a sede e, consequentemente, mijar.

Com as devastações do meio e o crescimento populacional, matar a fome também será difícil.

Com o aumento da miséria, das guerras, da recessão e da concentração de capital, fazer compras deixará de ser um prazer pra se tornar um sacrifício.

Com a falta de comida, da desidratação, da correia e do estresse do dia-a-dia, das duas uma: ou haverá mais gente sofrendo de constipação intestinal, ou não haverá comida suficiente pra ser ingerida e expelida.

Agora, dormir e ter orgasmo...nem preciso dizer por que, não é? Ora, com tantos problemas, quem vai conseguir dormir ou pensar em sexo?

Gente, preserva a natureza, vai!!!

Ninguém liga pra ecologia ?(2) - nossa prepotência e nosso egoísmo

Podem discordar de mim, mas o que vou falar, apesar de sinistro, é a mais pura realidade.

Embora algumas pessoas abominem Freud, Peter Singer e Michael Moore, preciso junta-los para falar do aquecimento global mais uma vez.

Ouço muitos dizerem: estamos destruindo a Terra, estamos acabando com o planeta...

Isso não é verdade. A Terra é muitíssimo maior que nós, que somos reles mortais. O aquecimento global que estamos provocando não afeta em nada o planeta, em seu sentido maior. Vamos todos morrer e o planeta continuará firme e forte – com outro clima e outra natureza, obviamente, mas o calor excessivo...ou a era glacial, ambos prometidos, só arrasarão com os habitantes do Planeta.

No entanto, o motivo para eu citar os três autores acima e concatena-los ao efeito estufa, vem a propósito de nossa prepotência. Os três afirmaram que somos seres, por excelência, egoístas. E é verdade. As notícias que chegam acerca da destruição do planeta, fazem acreditar que seremos destruídos pela fúria da natureza, que nossa espécie sumirá... Desculpa, gente, mas dou minha opinião, sem ressentimentos: Tomara que isso aconteça!

Só assim o planeta ficará livre da aberração que nós somos.

Achamo-nos mais importantes que todos os outros seres vivos (animais e vegetais), do que a água e o mar. Vangloriamos-nos por termos inteligência e domínio da natureza...pra que? Pra provocar queimadas objetivando a especulação imobiliária? Pra fazer casacos de pele caríssimos enquanto crianças e animais morrem de fome e sede? Pra sugar todo o petróleo formado ao longo de milhões de anos pela “mamãe natura”, só pra entupirmos nosso carro zero com diesel ou gasolina e sair por aí buzinando e atropelando pessoas? Pra arrasar florestas, às custas de investimentos em agricultura transgênica?

Deus queira que estejamos em ameaça de extinção, assim como as milhares de raças que já exterminamos através de séculos.

Não falo isso com ódio, mas com uma observação de quem está cansado de ver seus semelhantes destruindo tudo à custa do egoísmo e de umas notas de papel que têm valor apenas para a nossa espécie.

E pra fechar, falo de algo que todos devem considerar com carinho: prefiro ver nossa espécie ser exterminada pela fúria da natureza (tufões, era glacial, inundações etc.) a ver chegarmos ao ponto de uma guerra mundial, suscitada por falta de água potável e comida (como já acontece no Oriente Médio e no Norte da Índia), em que as pessoas morrerão pela fúria das armas nucleares.

Acham que exagero? Não, gente! É pura invenção nossa.