domingo, 17 de fevereiro de 2008

Do país da piada pronta

O Brasil tem histórias bizarras como qualquer outro país, mas aqui as bizarrices, de tão infelizes, chegam a ser engraçadas. E ao longo desses últimos anos, tenho visto cada história bizarra... Três delas me chamaram bastante atenção:


- 1º caso: um morador do Humaitá, no Rio, comprou num supermercado da zona sul uma verdura cheia de caramujos. Em vez de fazer queixa ao supermercado, ele procurou a Vigilância Sanitária Estadual do RJ, a fim de que outros supermercados que receberam verduras do mesmo fornecedor pudessem ser alertados do problema por um órgão oficial. A instituição informou que, como o fornecedor das verduras fica em Petrópolis, o cidadão deveria procurar a Vigilância desta cidade para que se pudesse tomar alguma providência.

- 2º caso: Estava eu na Policlínica Piquet Carneiro (da UERJ) sentada, aguardando atendimento, quando ouvi o relato de um pobre senhor para mim. Ele contava que precisava operar o joelho, mas que corria o risco de perder a perna. Adivinha por quê?

O primeiro ortopedista que o atendeu diagnosticou o problema e pediu aqueles exames de praxe para fazer a cirurgia. Pediu tomografia, hemograma , etc., só que o hospital em que esse senhor estava não fazia todos os exames (por falta de instrumento, de pessoal...). O jeito foi fazer exame em outro local. Detalhe: em cada hospital, clínica ou posto de saúde que ia (já foram mais de cinco), ele precisava passar pelo clínico geral, passar pela triagem, se consultar novamente com um ortopedista para que pedisse novos exames. Porém, em nenhum hospital esse senhor conseguiu fazer todos os exames. Como o tempo de marcar clínico-ortopedista-exames leva meses, os exames que ele fizera anteriormente caducavam e o jeito era ele coletar amostras sempre e sempre. Nessa brincadeira, já se passaram dois anos e ele ainda não fez a cirurgia. Mais um ano e ele pode perder a perna.

Sabe o que é pior? Ouvi comentários do tipo: “Ah! Comigo não acontece isso, faço amizades com o pessoal do hospital e eles arrumam rapidinho esses exames”.

Pra não perder a piada, o brasileiro inventou o jeitinho...

- 3º caso: Fiscais do IBAMA fizeram apreensão de mercadorias e artesanatos elaborados com partes de animais (unhas, peles, penas, dentes, chifres), cuja procedência não fosse comprovada. O fiscal foi bem claro:
—Só apreendemos produtos que não possuem comprovantes que indicam a procedência da matéria-prima usada, porque só é permitida a confecção de mercadorias a partir de peças extraídas de animais em cativeiro.

Ah! Bom... assim é muito melhor.

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